Notícia
20 anos – Lar Espírita Caminheiros da Luz
15/06/2022
A FUNDAÇÃO DO LAR ESPÍRITA- CAMINHEIROS DA LUZ E SUA HISTÓRIA
No dia 23 de junho de 2002, numa manhã de sol ardente, por volta das 9 horas, eu me dirigi ao lote 14 ao lado de minha casa. Parei e fiquei olhando para o lado da frente. Mil pensamentos me passavam pela cabeça. Não sei o que estava acontecendo, mas senti um grande bem-estar, como se eu estivesse flutuando. Estava nesta extasia quando olho para trás, o Sirino Júnior estava parado me olhando. Deparei-me com ele que me disse:
– A Natalina disse que o senhor está querendo fundar um centro espírita.
– Estou, Júnior, mas não sei por onde começar.
– Estou aqui para ajudá-lo, mas vamos começar logo.
– Logo como, Júnior, não temos nada.
– Nada como? O senhor não tem o Evangelho em casa?
– Claro que tenho.
– Então o senhor tem tudo de que precisa.
E foi assim que na sexta Feira, dia 28 de junho de 2002 houve a primeira reunião na biblioteca de minha casa. Esta ficou sendo a data da fundação do Lar. Treze pessoas participaram desta primeira reunião. Estas pessoas foram as seguintes: Sirino Júnior, Agostinho Alves, Luciana Aparecida, Ivetina, Lúcia, Maria Alves, Natalina, Francisco Antônio, Antônio Vieira, Antônio Carlos, Maria Luiza, Henrique Pompílio e Ivone Aparecida. Começamos estudando o “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Todas as sextas feiras o grupo se reunia, estudávamos o Evangelho e era servido um pequeno lanche com bolos e sucos.
Naquele dia a Natalina fez a prece inicial. Depois fizeram algumas perguntas de quem seria o orientador e por unanimidade passaram a bola pra mim. E assim todas as sextas feiras havia este grupo de estudos na biblioteca de minha casa. A sala foi ficando pequena e eu fiquei com uma pulga atrás da orelha.
O Lar Espírita surgiu da necessidade de ocupar o tempo das crianças em aprender e fazer alguma coisa útil a si mesmo e à comunidade. Observamos várias crianças andando pelas ruas sem fazer nada, aprendendo coisas nocivas ao ser humano. Como eu trabalhei como professor durante 30 anos e já estava quase me aposentando, pensei muito nisso e resolvi pôr a mão na massa. Mas as coisas não eram tão fáceis como eu esperava. Refleti muito, mas acreditei que teria algumas pessoas para me ajudar.
A biblioteca ficou pequena, de modo que fiz uma reunião rápida de 15 minutos para tentar encontrar uma solução. A Maria sugeriu que eu reformasse aquela casa velha de tábuas que eu tinha. Achei a ideia boa e pus mãos à obra. Paguei um pedreiro e eu ajudei desmontando a casa velha e começando a nova, aproveitando tábuas velhas e telhas quebradas. Demos por terminado o salão, mandei fazer uma mesa grande para a mediunidade. Não tínhamos como inaugurar o salão por falta de cadeiras. Fomos convidados pelo Abrigo dos velhos, juntamente com o Centro Espírita Maria Eulália para fazermos uma promoção no Lar da Criança no Porto com a renda para as três instituições. Fizemos um chá com bolo, sorteio de prêmios e arrecadamos CR 1200,00 e nos tocou CR 400,00. Completei com mais CR 150,00 e compramos as 43 cadeiras de que precisávamos.
Estas cadeiras serviram para a palestra pública, Evangelização, mediunidade, informática e eventos do lar. Eram poucas, por isso fizemos uma campanha e adquirimos 23 cadeiras de ferro doadas pela Caixa Econômica Federal. Para a sala de montagem consegui algumas cadeiras com alguns doadores.
E no dia 9 de novembro houve a primeira reunião pública, que lotou de gente. O senhor Júnior fez a abertura, o senhor Adelson fez a palestra, a senhora Ivete fez a prece final e convidei a senhora Elione – presidente do Centro Espírita Seara de Luz para fazer o passe coletivo. Estava solucionado o maior dos problemas.
Assim o Lar funcionou por algum tempo. Fazíamos as nossas palestras e o passe era dado coletivamente. Dentro do salão eu tinha também construído um banheiro. Não ficava bem, mas não tinha outro jeito. Não tínhamos a cozinha nem a sala de passe. Comecei juntando tábuas velhas, pedindo para um e para outro. Meu irmão veio a minha casa e disse que um senhor de uma oficina mecânica tinha umas tábuas velhas para vender, então eu e ele fomos lá e compramos muitas tábuas muito velhas, alguns caibros e ripões. Pagamos um caminhão e trouxemos para casa. Eu já tinha conseguido algumas telhas Eternit, algumas doadas pelo meu colega Mário e outras que eu mesmo comprei. Contratei dois pedreiros e eu e começamos o trabalho. Eu trabalhava junto com os dois pedreiros. Na verdade, eu trabalhava mais que os dois pedreiros lerdos. Demos por construída a sala de passe e a cozinha. Com isto melhorou muito a situação. Eu mesmo era o Eletricista, o encanador e o pintor da obra.
Mas… e as crianças, como eu chamaria as crianças? Eu era artesão e resolvi por isto em ação. Criei o curso de Tecelagem quadriculada, onde era ensinado a fazer fronhas, tapetes, lençóis, capas de sofás, toalhas etc. Encheu de crianças e a minha irmã Natalina começou com a Evangelização. Logo vieram mais crianças e a Sílvia assumiu outra sala.
Mas criança enjoa logo e foi o que aconteceu com o artesanato, então eu criei um campinho de futebol para os meninos e um de voley para as meninas. Deu certo e a criançada adorou.
No começo começamos a dar um lanche às crianças, mas depois sugeriram que fosse dada uma sopa e foi o que fizemos. Começamos a pegar verdura na feira do porto, depois um dono de mercado passou a nos dar os ingredientes e por fim o Lar assumiu a sopa totalmente.
Ainda em 2003 criamos o jornalzinho do Lar e de lá para cá não paramos e estamos agora na edição de número 233. Nele colocamos as notícias importantes do Espiritismo, assuntos do Lar e as nossas psicografias.
Em 2003 criamos o ESDE, baseado nas apostilas da FEB e também a mediunidade. Tínhamos poucos médiuns, mas tudo foi dando certo.
Ainda no ano de 2003 começamos criando um parquinho infantil. Recebemos de algumas entidades os brinquedos. Assim criamos duas alas: uma para crianças até 10 anos de idade onde há balanços, gangorras, casinha de boneca e outros e uma de jovens com jogos de damas, dominó, pião, ping pong, tênis de mesa e outros. A criançada adorava os brinquedos.
Criamos também uma biblioteca. Eu tinha muitos livros espíritas, consegui uma coleção da FEB e também da Editora Aliança. Assim nossa Biblioteca ficou com mais de 3 mil exemplares.
As crianças começaram a enjoar do parquinho e dos outros brinquedos, por isto resolvi fazer outra coisa. Comecei então com um curso de Informática, mas eu só tinha dois computadores. Coloquei três máquinas de escrever e fazíamos o rodízio. As aulas eram as terças e quintas feiras. Batalhamos muito para conseguir computadores, mas não recebemos nenhum. Tivemos que fazer reciclagem pelas ruas para conseguir comprar alguns aparelhos. Mas o Lar conseguiu 22 computadores e formamos centenas de alunos aqui. Há muitas pessoas empregadas graças aos nossos cursos.
O Lar ainda ofereceu cursos de Português, Matemática, Redação, Secretariado, Bolos e salgados, Música e outros.
O nosso pior problema estava na construção da sede própria. O lote 14 do bairro Nossa Senhora Aparecida foi doado e então foi construído 3 duas salas de evangelização e uma de informática em 2008. Em 2012 construiu-se mais duas salas de evangelização. A sala de informática antiga se tornou uma cozinha e construiu-se um salão para a escolinha no segundo piso.
Em 2017 finalmente depois de muita dificuldade o Lar conseguiu construir a sua sede própria.
As dificuldades foram muito grandes nestes 20 anos de trabalho, mas confiamos sempre em Deus e tudo tem dado certo. Ajudamos muita gente em nosso Lar, ministramos cursos religiosos, palestras, estudos, além de dar assistência a muitas famílias com remédios, sacolões, médicos, psicólogos, advogados e outros. Vamos continuar nossos trabalhos e rogamos forças a Deus para que tudo continue bem para todos nós.
Trabalhadores atuais em atividade:
| Henrique Pompilio de Araújo
| Ivone Aparecida de Souza Araújo
| Maria Cristina da Silva Espírito Santo
| Danilo Guilherme Q. Ribeiro da Silva
| Wanderson de Almeida Lima
| Rosenil Benedita de Moraes
| Tereza Cristina Cecília Veronezze
| Lourdes Maria Andrade da Silva
| Ricardo Rodrigues Marcolino
| Benedita Leila Leite
| Maria Celina da Penha
| Aguinaldo Bueno dos Reis
| Jailson Bezerra Araújo
| Patrícia Helena de Souza Araújo
| Larissa Silva Macedo
20 anos de trabalhos assíduos.